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03 janeiro 2018

Água abaixo

Depois de uma seca tão preocupante, com menos de duas semanas de chuva, já ouço vozes de cansaço da essencial, fundamental, absolutamente necessária água que cai das nuvens. Confesso que tenho de fazer um esforço para conter o que me apetece dizer a tais pessoas; fico-me por considerá-las ignorantes ou inconscientes. Para quem anda nos montes, facilmente constata que a chuva que caiu nos últimos dias é manifestamente insuficiente. Para que se possa ficar com uma ideia de tal exiguidade, aqui vai o que aconteceu nos dias subsequentes à tempestade Ana: no dia seguinte, os ribeiros saltavam fora dos regos, da ingurgitação repentina, mas, ainda não era passada uma semana, e já o anterior volume perdia o furor inundante; em menos de quinze dias, ou já corriam inaudíveis, ou tinham secado de todo... É assim a terra, gentes de mente urbana e de sentido nulo das necessidades básicas da vida. Depois de muito tempo sem água, fica uma esponja, some o vital elemento em poucos dias, mesmo que tenha ficado ensopada por umas horas, e depressa clama por mais. Portanto, deixem cair a chuva, de mansinho, para não causar estragos e, quando estiverem fartos dela, tentem sorrir. Se não conseguirem, pelo menos disfarcem, para não estragarem a ecologia que trazem na lapela. Se se quiserem corrigir, treinem este dito do povo, tantas vezes vão, mas muito entendido a respeito da chuva: «S. Domingos, água abaixo!»

Este arrazoado moralistóide sobre a água (o)correu-me ao escolher esta composição em que se me afigura uma embarcação alagadiça.

Continuação de Boas Festas, que até aos Reis, flutuamos nelas.

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