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31 agosto 2018

Tamus communis ou Dioscorea communis

Em mais um breve passeio pelo Douro ao pôr-do-sol, encontrei muitas trepadeiras como esta. Maravilhas suspensas nos taludes, as bagas deste vermelho vibrante. Apetece pô-las ao pescoço como colares.

Os nomes comuns da espécie não são nada simpáticos, creio que por ser tóxica: arrebenta-boi, buganha, baganha, tamo, uva-de-cão.

30 agosto 2018

Reuniões

Os cogumelos são do Parque Florestal, da barragem de Vila Pouca e do Marão. Reuni-os todos noutro lugar, juntei-lhes umas flores de alho bravo. Ao conjugar o verbo «reunir», no início do período anterior, não pude evitar o calafrio que me provoca tal referência. É que me recordo da tortura, da pura perda de tempo, da absoluta inutilidade, da redundância sem estilo, que experienciei em reuniões, supostamente de trabalho. Aconteceu no ensino, mas julgo que muitos outros ramos laborais não se encontrem abrigados da estupidez reunieira, da reuniose crónica.

Aqui, para além de ter forçado simples fungos e não pessoas, creio que, saiu alguma coisa bonita, com pedido de licença para a irreprimível falha de modéstia. Já das tais reuniões só saía azedume, crispação, complicação e aquela cumulativa exaustão, produto da exposição prolongada ao absurdo.

29 agosto 2018

Época das bagas

Um passeio de fim de tarde pela linha do Corgo, com início em Povoação em direcção a sul, foi oportunidade para a colheita de exemplares de cinco espécies de bagas que entram nesta composição, contando com o sumagre, cujo fruto, em rigor, não me parece uma baga. Apesar de o Verão já ir adiantado, ainda há flores de ervilha-de-cheiro.

28 agosto 2018

Musgo-estrela

Encontrar musgo-estrela equipara-se a encontrar cogumelos: a mesma alegria, a mesma vontade de fazer qualquer coisa com aquilo. Creio que esta vontade de intervir no que já é belo é um modo de nos apropriarmos da Beleza, esse petisco — ou isco? — servido pelos deuses.

27 agosto 2018

Caça ao tesouro

Dei uma volta inteira pelo Parque Termal das Pedras Salgadas, para revisitar as suas maravilhas: recantos escuros e alamedas airosas, árvores gigantescas, já seculares, bem copadas de verde, fungos de crescimento lento, edifícios de arquitecturas termal e nórdica. Encontrei esta mão-cheia de pequenas jóias, cujo desfrute julgo estar exclusivamente ao alcance dos apreciadores de tesouros de tal quilate.

26 agosto 2018

Luar de Agosto...

... Dá-lhe no rosto, reza um dito de antanho.

Quem me deu esta lua foi uma hóspede do ano passado, repetente este ano. Encontrou-a no rio e achando que eu iria gostar, ofereceu-ma no momento da sua partida. Não é todos os dias, nem com toda a gente, que a poesia acontece. Tive sorte.

Sorte, fortuna, boa hora, Fado propício, deuses bem-dispostos — eis os meus votos para esta noite de luar no rosto. No rosto, ou lá onde quiserem e puderem, que a rima da felicidade é interior, íntima, não acham?

Carvalhelhos, please

Um lugar com uma suave beleza decadente expirada pela estalagem fechada há 10 anos, pela desertificação turística, pelo estado selvagem da Fonte dos Amores, pela vetustez das árvores. Foi lá que fiz a minha composição inaugural, foi lá que encontrei estes cogumelos secos, estas e muitas outras penas. De ave, que da alma, nem lá me aconteceram nem delas me lembrei.

25 agosto 2018

Bagas e flores

Já há bagas vermelhas no espinheiro e as flores do anis começaram a abrir. Ainda há flores de cenoura brava e abundam flores e ramos secos bem bonitos. Cogumelos, nem um para amostra.

24 agosto 2018

Vidro partido

De volta às composições feitas na barragem de Vila Pouca, onde as fragas estão cobertas de líquenes inspiradores. Esta data dos inícios de Julho, quando ainda havia cogumelos. A inclusão de dois fragmentos de vidro foi uma tentativa de integração do que os humanos abandonam na natureza. Hei-de atrever-me mais nesse campo, já que, aparentemente, é tão fértil.

23 agosto 2018

A gregos e troianos

Uns sentem-se atraídos pelas combinações de elementos, cores, texturas, padrões semelhantes, contíguos nas escalas respectivas. Outros preferem a brusquidão do contraste. Os primeiros sentem-se confortáveis com transições suaves. Já aos segundos apraz-lhe o solavanco do confronto, da mudança repentina. São dois partidos opostos que tentei conciliar nesta composição de flores silvestres encontradas no parque Natura do Rio Beça. Aos amantes das passagens tranquilas ofereço a variação cromática oscilante entre o rosa e o vermelho-borra-de vinho, tons afins, ambos da banda dos vermelhos. Aos outros destino os contrastes entre o fofo e o picante, o seco e o fresco.

22 agosto 2018

Desejo

Bem sei que o Verão foi invulgarmente generoso em fungos, como o testemunha esta composição feita em Julho, mas já sabia bem uma chuvinha, para aliviar do calor e para trazer outra boa rodada de cogumelos. Porém, não vislumbro sinais que sustentem a esperança de que tal coisa aconteça em breve.

20 agosto 2018

Tudo seco

Já quase não há flores... Tudo seco, mirrado, estaladiço. Que bem faziam dois dias de chuva! O que me vale é que tiro da arca as fotos feitas há mais de um mês, como esta.

19 agosto 2018

Cardosas

Gosto de cardos e de várias plantas cardosas. Gosto dos tons, das formas e das fases que vão exibindo, de cálice espinhoso a sementes algodónicas, passando pelas flores frescas e depois secas, mas ainda arroxeadas, como estas.

17 agosto 2018

De pérolas e porcos, II

Mesmo depois de muito desapontada com o estado lastimável da zona da barragem da Falperra, acima de Vila Pouca de Aguiar, resultado inegável de um inconcebível desrespeito pela natureza e pelo espaço colectivo, voltei lá ontem. Escusado será dizer que a lixeira aumentou. É evidente que os utentes deviam ser mais civilizados, mas também é evidente que a entidade responsável pelo cuidado do espaço não está a cumprir os seus deveres. A novidade não é nenhuma, habituados que estamos à sequência dos factos: festejos vistosos na inauguração, com presença de alguma elevada pessoa vinda de longe para abrilhantar o evento, blablablá da praxe foguetória (deveria escrever-se «fuguetória», por ser tão fugaz o entusiasmo) e é finita la commedia. Não se zela pela manutenção, não se limpa, não se substitui o danificado, deixa-se ao deus-dará, exposto ao ânimo lixeiroso do povo. Enfim...

Por entre dejectos humanos, objectos de plástico e outras flores da humanal passagem e paragem, encontrei estas belezuras que pus (estou farta do verbo «colocar» usado para pôr tudo e mais alguma coisa, como «colocar questões» e aaahh, esta é mesmo ridícula, «colocar a mesa» em vez de «pôr a mesa», com o sentido de a preparar com pratos, talheres, copos etc.) sobre este musgo luxuriante. A pena creio ter pertencido a um dos corvos que no dia anterior ouvi crocitar por ali. Creio também que serão eles os responsáveis pelos parcos despojos de lagostins de água doce que vou encontrando sobre as pedras. Terão aprendido com os humanos a fazer lixo e largar?

16 agosto 2018

De pérolas e porcos

Nem acredito que neste calorão ainda é possível encontrar cogumelos. Aconteceu ontem, ao pôr-do-sol, em excelente companhia, nesse lugar fantástico que é a barragem da Falperra, acima de Vila Pouca. A bonita e arranjada área circundante à lagoa tem sinais de ocupação e usufruto próprios da estação. Infelizmente, tem sido muito pouco civilizado o povo que para lá tem ido. Não é só o lixo que não deitam nos caixotes, é também fazerem do recinto um WC público. A somar a estas misérias terceiromundistas, ainda fazem do lugar um abandonódromo de animais, a julgar pela gatinha faminta que lá vi ontem, menos de duas semanas depois de lá ter visto outros dois felinos domésticos. Ver que o espaço é tão mal e porcamente usado leva-me ao inevitável dito de que toda a beleza natural e artificial da barragem de Vila Pouca é dar pérolas a porcos. Que pena...

15 agosto 2018

Mais conchas

Este ainda não é o último post com conchas... Tenho de aproveitar a época, mesmo que já não me encontre em cercanias marinhas. Aqui acompanham com uma concha de colecção a fazer de taça onde pus — os mais jovens diriam «onde meti» — a cabeça de uma planta encontrada na borda de um areal.

14 agosto 2018

Férias são férias

Quando Madre Natura oferece belezas destas, Maria Natura contempla, fotografa, comenta, and that’s enough, no?

13 agosto 2018

Prazeres serranos do Algarve

Estes cogumelos (Schizophyllum commune} lembram-me conchas, assim como as flores secas que se encontram à direita, de pé para o ar. Encontrei-as na serra algarvia, onde tenho feito caminhadas matinais memoráveis, pelas paisagens, pelos aromas da vegetação, pela variedade de exemplares recolhidos para a colecção de tesouros botânicos, pela companhia alegre de dois cães e do melhor narrador da minha família, a quem dedico esta composição.

12 agosto 2018

10 agosto 2018

Prazeres antigos

Imaginem só a quantidade de pedaço de conchas que tenho apanhado. Se puderem, imaginem o prazer de o fazer. Pela plenitude que experimento, suspeito que se trata de uma daquelas sensações antigas, inscritas na parte mais primitiva do cérebro, provinda dos tempos em que colher, apanhar as dádivas da natureza eram coisas de sobrevivência.

Hei-de voltar a este tópico, em hora mais propícia.

Mudar de ar

Para aguçar apetites por coisas marinhas, aqui fica a primeira composição da curta estância balnear do ano.

09 agosto 2018

Higrocibinho, o cogumelo-peixinho vermelho

Acho que este cogumelinho pequeno (2 cm) é um exemplar de Hygrocybe miniata. Não lhe conheço o nome comum, nem se o possui, mas proponho que se lhe chame «higrocibinho». Tenho a certeza de que encontrei a miniaturinha e a rocha em que a depus na barragem de Vila Pouca, embora pareça que foi no fundo do mar. Gosto quando a terra adquire traços marinhos inofensivos, como estes líquenes lembrarem a flora submarina com direito à visita de um peixinho vermelho.

P.S. Dei conta de que este post vai recheado de diminutivos. É uma concessão que faço ao «país do inho» de Alexandre O’Neil.

08 agosto 2018

Repolgas

Gostam de repolgas? Eu, muito: de as comer, de as nomear, de as incluir numa composição. Mas o melhor de tudo é encontrá-las, o que acontece raramente. Refiro-me aos 4 cogumelos que protagonizam a composição de hoje em que vejo formas de corais.

07 agosto 2018

Mais uma beleza da Linha do Corgo

Seixo do rio

E se de repente uma conhecida lhe oferecer um seixo do rio, isso é o quê?

Foi a pedra angular de uma série de composições de que irei prestando contas no devir publicante.

Aqui vai rodeada de coroa de flores silvestres, com cabeça erguida e cauda bífida de flores de orquídeas domésticas secas.

06 agosto 2018

Galegos da Serra

Temperaturas a roçarem os 40 graus, casas já transformadas em fornos (transfornadas, portanto) pelo calor da onda despertam um desejo natural de frescuras serranas e aquáticas, a que cedi ontem ao final da tarde. Perto da cascata de Galegos da Serra, a flora tem poucas hipóteses de se exprimir nos interstícios de tão frondoso fraguedo. Foi preciso abrir minas na imaginação e andar sobre rochas deslizantes para reunir os parcos materiais desta composição. O que me levou a atrever-me foi saber como os gurus do Minimalismo têm vindo a esculpir sensibilidades para o reduzido número de elementos, para o espaço vago, para a sobriedade franciscana do galho, para a frugalidade do conjunto.

05 agosto 2018

De tarde

Não houve piquenique, nem burrico, nem papoulas rubras, nem grãozoal azul de grão-de-bico, por não ser tempo nem lugar destes elementos cesário-verdianos. Em vez de talhadas de melão, pão-de-ló e malvasia, houve amoras vermelhas, não para a boca, mas para os olhos, cuja fome é preciso saciar. Houve a Centaurea nigra, uma das minhas flores silvestres favoritas. Houve a Acchillea millefolium branca, que está no seu esplendor. Houve outra flor branca, umbelada, delicadíssima, que está na parte de cima da composição e que não consigo identificar. E houve um fungo do género Lycoperdon, vulgo «bufa-de-lobo».

E esta foi a colheita do fim da tarde de ontem, num bosque de carvalhos, mais fresco 6 a 7 graus do que na cidade, enxameado de mosquitos da furiosa espécie «entra-pelos-olhos-dentro».

04 agosto 2018

Flor de fungo

A vaga de calor levou-me a um lugar de frescura certa, que conheço de tamanhinha e onde aprendi a nadar sem aulas e sem perceber como isso aconteceu.

Levei esta maravilha de fungo, cujo crescimento acompanhei durante meses num tronco do parque florestal de Vila Real. Visitava-o em cada ida ao parque e quanto mais ele medrava, mais cresciam os meus escrúpulos em colhê-lo, até que um dia lhe toquei para lhe perceber a humidade e ele despegou-se inteiro. Não acredito que se tivesse soltado assim do tronco. Acho é que alguém o arrancou e depois não teve coragem para levar esta beleza para casa, que isto do convívio próximo com espécimenes belos sejam eles do reino animal, vegetal ou mineral, não é para qualquer um. Adiante...

Voltando à curva do ribeiro onde ontem fiz esta composição, falta-me acrescentar que com excepção dos frutos de roseira e das flores de alho bravo, os outros elementos foram colhidos mesmo ali, nesse pedacinho de paraíso desfrutável tanto outrora como agora.

03 agosto 2018

Cantarelos

Estes cogumelos de Primavera-Verão são bem bonitos, na cor vibrante e na forma floral. Encontrei-os este ano em muitos lugares e lá permanecem e apodrecem, portanto não me parece que as pessoas os reconheçam como cantarelos comestíveis de qualidade.

Aqui acompanham com folha de feto e de bétula bordada em ponto “dévoré”.

02 agosto 2018

«Está de ananases»

Hoje «está de ananases», como diria o senhor Eça de Queirós. Realmente, está muito mais desse belo, perfumado e saboroso fruto do que de cogumelos, que não se dão, de todo, com esta canícula. Fora de época, é preciso fazer como a formiguinha, servir-se do que se guardou. E é assim que sai esta composição, feita a 20 do último Dezembro.

01 agosto 2018

Flora duriense

Um dia hei-de saber o nome de todas estas maravilhas da flora duriense. Para já, só identifico o anis e tento mostrar a beleza que possuem estas plantas em que poucos reparam, de tão comuns serem.