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05 fevereiro 2018

Folha de ácer

Uma saída bem sucedida é aquela em que levo as mãos vazias, apanho cogumelos e acessórios bem perto do cenário da composição. Não acontece muito, sobretudo porque reutilizo os cogumelos, tendo de andar com eles de um lado para o outro.

Neste caso aconteceu encontrar esta folha de ácer ainda reconhecível como tal, mas já devorada por algum fungo que a deixou quase transparente. Tenho encontrado outras folhas assim e confesso que foi esta actividade que me despertou para essas obras de filigrana da natureza, como hei-de mostrar em composições vindouras.

Achada a folha, tratei de arranjar alguma coisa que rimasse com ela e calhou de encontrar um generoso pedaço de casca de bétula que logo escandi para que a sua métrica não disparatasse demasiado em relação à folha e que ficasse maneirinha dentro do círculo imperfeito do tronco.

Dito assim, parece que submeto as composições à rigidez de um soneto ou outra forma fixa. É verdade que sofro da tentação da simetria, mas corrijo-a quase sempre, às vezes deslocando só uma peça, outras vezes desarranjando um bom segmento, mais raramente desfazendo tudo para refazer. É que quando a imagem começa a parecer feita a régua e esquadro, sinto um calafrio... porque me lembro da estética dos regimes totalitários. Felizmente, não corro o risco da simetria pura e dura porque os materiais que uso escapam, pelo menos a olho nu, a esses rigores inventados pelos humanos para imporem a outros. Madre Natura me livre de tal tortura!

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