Hoje vai esta composição em cascata para desenjoar de troncos, pedras, tábuas. Assim espalhada pelo solo inclinado abaixo lembra-me uns versos de Alberto Caeiro, do seu poema I, «Eu nunca guardei senão rebanhos», naquela parte em que deseja ser cordeirinho:
Ou ser o rebanho todo
Para andar espalhado por toda a encosta
A ser muita coisa feliz ao mesmo tempo.
E ocorrem-me os sentidos do verbo «espalhar-se», tão distantes da postura sorridente a que quase toda a poesia caeiriana nos convida.
Espalhem alegria, beleza, mas também aquela melancolia que dá sentido à vida, se quiserem. Eu, na qualidade de apanhadora de cogumelos, espalharei esporos por toda a parte (por onde passo, claro). Aqui deve ter ficado uma boa sementeira ou, mais propriamente escrevendo, uma boa esporada.
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