As pobres árvores têm muitos inimigos, que as cortam e queimam pelas mais peregrinas razões. Esta verdadeira «sanha arboricida», sobre a qual escreveu João Araújo Correia, tem adeptos nas cidades e nas serras. Naquelas, o arranque dos troncos disfarça a matança, a subsequente sepultura de cimento garante o esquecimento rápido da sombra e da beleza que enriqueceram o lugar; nas montanhas,deixam-lhe um cepo de altura variável entre uma mão travessa e a perna até ao joelho. Se estivessem dispersos, não seria tão aflitivo; como são muitos e juntos, lembram os cotos dos amputados e é inevitável aquele lamento íntimo pelas mutilações e mortes dispensáveis. Usá-los como base de apoio a algumas composições é a minha elegia possível.
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